No dia 14 de junho de 2020 celebrou-se a festa de Santa Rita, no Santuário de Rita em Ermesinde. Foi elevada a afluência de crentes. Fica a mensagem do Reitor.
“Homilia na festa de Santa Rita 2020
Quero saudar afetuosamente os meus irmãos no sacerdócio, o Senhor Pe Avelino e o Senhor Pe José Augusto, quero saudar-vos a todos vós, que aqui viestes neste dia de memória de Santa Rita, saúdo de modo particular, todos aqueles que nos acompanham através da internet, particularmente, os jovens, os doentes e as crianças. Por todos invoco a interceção de Santa Rita, para que o Senhor vos abençoe, vos proteja e vos salve.
Este ano vivemos esta festa em tempos de pandemia e por isso com cuidados e numa modalidade mais simplificada para o bem de todos. Não temos o nosso santuário repleto, fisicamente, mas está repleto da presença espiritual de tantos irmãos nossos, que na sua oração e na sua fé, se unem a todos nós.
Muitas vezes acorremos a este santuário, para venerar a imagem de Santa Rita. Gostamos de estar perto dela, há uma alegria que nos envolve, uma força que nos alimenta a esperança e reaviva a nossa fé. Veneramos a grandeza do seu amor ao Senhor Jesus, morto e Ressuscitado e a beleza da misericórdia entranhada na sua vida.
Escutamos a palavra do Senhor que nos trás este belo discurso de Jesus que nos ensina a viver o amor, a dádiva e a bondade até ao absurdo: “Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem” (Lc 6, 35) . Aqui esta a grandeza da nossa identidade cristã: amar sempre, até os nossos inimigos, se for necessário e até ao fim, como o Mestre.
Santa Rita aprendeu a viver este amor sem limites e sem medida. O seu desejo era consagra-se a Deus. Mas na sua simplicidade, também foi capaz de perceber que o mesmo Deus lhe pedia para percorrer um caminho de entrega e provação. Aceitou a vontade de Deus e compreendeu que nela estava a sua oportunidade de santificação.
Amou até ao fim e sem medida o seu esposo de feitio violento, fazendo tudo para transformar o seu coração; amou até ao fim e sem medida a vida dos filhos, poupando-os do desejo de vingança pela morte do Pai; amou até ao fim e sem medida perdoando aos assassinos do próprio marido e trouxe a paz às duas famílias. A caridade, a bondade, a paciência e a humildade eram marcas que brotavam do imenso amor que vivia.
Santo Agostinho pediu às mulheres consagradas “que seguissem o Cordeiro por onde quer que fosse e contemplassem com os olhos interiores as chagas do Crucificado, as cicatrizes do Ressuscitado e o sangue daquele que morria” (De Sancta Virginatate). Santa Rita imprimiu na sua vida a vontade de ser discípula do Crucificado e “perita do no sofrer”aprendeu a entender os sofrimentos do coração humano. Por isso, se tornou defensora dos pobres e dos desesperados.
Num mundo, muitas vezes marcado pela inveja que mata o nosso íntimo, pelo ódio que leva à morte e pela violência que destrói – onde, por causa disso, encontramos refugiados, guerras, opressão política, discriminação económica ou racial – o cristão é chamado a ser portador da esperança, da ternura e do amor, à imagem de Santa Rita.
Sendo também, nesse mesmo mundo instrumento da bondade, da paciência e da humildade. Rita de Cassia ensina-nos que é possível vencer o mal com o bem. Vencer sem combater e abraçar, absorver e absolver as nossas raivas e os nossos ódios. O segredo está na fidelidade ao Amor crucificado.
É urgente viver o Amor sem limites e até ao fim, no mundo a partir da célula mais pequena da sociedade, a família. Procurando no Senhor Jesus, que morreu por nós, a força para vivermos a missão da unidade, da caridade e da fidelidade no seio das nossas famílias. Principalmente, nos momentos de crise e de sofrimento.
E aqui, mais uma vez, o texto do Evangelho toca a nossa reflexão: “sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36). Por isso não podemos julgar, nem condenar, mas perdoar, perdoar, perdoar sempre. Perdoar: é, sem dúvida, um sentimento fundamental para a felicidade, e felicidade, no evangelho, quer dizer santidade.
Faz eco, nesta nossa reflexão, a Palavra de Deus escutada na primeira leitura: sede Santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou Santo (Lv 19, 2). Tudo isto foi visível em Santa Rita, na sua heroica condição de esposa, mãe e viúva e mais tarde como consagrada. Se queremos ser santos, precisamos de amar sempre e perdoar sempre.
“Alegrai-vos sempre no Senhor” (Filip 4, 4). É particularmente significativa a insistência do Apóstolo: “novamente vos digo: Alegrai-vos”. É esta Alegria Maior que é preciso saborear. Abrir-se à presença do Senhor Jesus que vem ao nosso encontro e toca o nosso coração para o transformar. E fazer a experiencia da pobreza ensinada no sermão da montanha: vivendo a humildade, sentindo-se pobre no íntimo do próprio ser.
Rejeitando a tentação do orgulho, deixar de pensar em si próprio, sabendo reconhecer os próprios erros e pedir perdão a Deus que nunca se cansa de nos perdoar, “sem esperar nada em troca”. E seguir o exemplo de Santa Rita, como nos recorda o Papa Francisco, “que foi capaz de amar mais o maior valioso bem que a si mesma. Santa Rita confiou-se e entregou-se a Cristo, sem dúvidas e incertezas” (Audiência 20.02.20).
Caríssimos Irmãos e irmãs, invoquemos a proteção e intercessão de Santa Rita, para todos nós e para todas as nossas famílias. Que nos ajude e proteja o mundo inteiro, neste tempo de sofrimento e provação. Que ela ajude todos os profissionais de saúde a encontrar caminhos e soluções para a salvação de todos. E “cantemos, cantemos, em louvor de Santa Rita, testemunha de Deus, bondade infinita. Cantemos, em louvor de Santa Rita” Amem.”
14 de junho de 2020
Pe Samuel Guedes, Reitor