Num tempo conturbado como o que vivemos, tenhamos a força de coração e a serenidade da alma para acreditar que Deus, pelo Seu filho Jesus, está próximo de cada um de nós, como nos diz o Santo Padre: “Estou próximo de vós, está é a verdade”. Não se trata de uma proximidade demagógica, mas concreta na vida de cada um. Na hora da dificuldade, que o nosso coração não se perturbe, que permaneça em paz, naquela “paz subjacente a toda consolação”, porque o Senhor prometeu-nos que “porque eu virei e pela mão vos levarei para onde eu estarei’.”
Na homilia do Papa Francisco é-nos dito: no “diálogo de Jesus com os discípulos se dá à mesa, ainda, na ceia (conf. Jo 14,1-6), Jesus está triste e todos estão tristes: Jesus disse que seria traído por um deles (conf. Jo 13,21) e todos percebem que algo de ruim aconteceria. Jesus começa a consolar os seus: porque um dos ofícios, “dos trabalhos” do Senhor é consolar. Na verdade, O Senhor consola os seus discípulos e aqui vemos como é o modo de consolar de Jesus. Nós temos muitos modos de consolar, dos mais autênticos, dos mais próximos aos mais formais, como aqueles telegramas de pesar: “Profundamente contristado por…” Não consola ninguém, é uma finta, é a consolação de formalidade. Mas como o Senhor consola? É importante saber isso, porque também nós, quando em nossa vida devemos passar momentos de tristeza, aprendemos a perceber qual é a verdadeira consolação do Senhor.
E nessa passagem do Evangelho vemos que o Senhor consola sempre na proximidade, com a verdade e na esperança. São os três traços da consolação do Senhor. Com proximidade, jamais distante: estou eu. Aquela palavra: “Estou eu, aqui, convosco”. E muitas vezes em silêncio. Mas sabemos que Ele está presente. Ele sempre está presente. Aquela proximidade que é o estilo de Deus, também na Encarnação, fazer-se próximo de nós. O Senhor consola na proximidade. E não usa palavras, aliás: prefere o silêncio. A força da proximidade, da presença. E fala pouco. Mas é próximo.
Um segundo traço da proximidade de Jesus, do modo de consolar de Jesus, é a verdade: Jesus é verdadeiro. Não diz coisas formais que são mentiras: “Não, fique tranquilo, tudo passará, nada acontecerá, passará, as coisas passam…” Não. Diz a verdade. Não esconde a verdade. Porque Ele mesmo nesta passagem diz: “Eu sou a verdade” (conf. Jo 14,6). E a verdade é: “Eu vou embora”, isto é: “Eu morrerei” (conf. vers. 2-3). Estamos diante da morte. É a verdade. E diz isso simplesmente e também o diz com mansidão, sem ferir: estamos diante da morte. Não esconde a verdade.
E este é o terceiro traço: Jesus consola na esperança. Sim, é um momento difícil. Mas “Não se perturbe o vosso coração (…) Tende fé em mim também” (vers. 1). Digo-vos uma coisa, assim diz Jesus – “Na casa de meu Pai há muitas moradas. (…) Vou preparar um lugar para vós” (vers. 2). Ele por primeiro vai abrir as portas, as portas daquele lugar através do qual todos passaremos, assim espero: “Voltarei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais também vós” (vers. 3). O Senhor volta toda vez que alguém de nós está em caminho para ir embora deste mundo. “Voltarei e vos levarei”: a esperança. Ele virá e nos tomará pela mão e nos levará. Não diz: “Não, vós não sofrereis, não é nada…” Não. Diz a verdade: “Estou próximo de vós, está é a verdade: é um momento difícil, de perigo, de morte. Mas não se perturbe o vosso coração, permanecei naquela paz, aquela paz subjacente a toda consolação, porque eu virei e pela mão vos levarei para onde eu estarei’.”
Original de Vatican.news