Janeiro 2021

Oração pela Unidade dos Cristãos

Hoje é o penúltimo dia do oitavário de oração pela unidade de todos os cristãos. Sob o lema «Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos», os cristãos foram convidados a aprofundar a sua relação com Cristo. “Um  espaço de tempo onde somos convidados a um silêncio interior e a afastar-nos de todo o barulho e de todas as preocupações e pensamentos e neste silêncio, a ação pertence a Deus.” (Ecclesia).

Neste Dia do Senhor, meditemos a Palavra de Deus e rezemos pela unidade dos cristãos de todo o mundo, em comunhão:

Santo Espírito,
chama vivificante e sopro delicado, vinde e permanecei em nós. Renovai em nós a paixão pela unidade
para que vivamos conscientes do laço que, em vós, nos une.
Que todos que se ligaram a Cristo em seu Batismo
estejam unidos e juntos deem testemunho da esperança que os sustenta.

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«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O»

Abriram-se os céus e ouviu-se a voz do Pai: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O»

A primeira leitura (Isaías 42, 1-4.6-7) revela a ação divina e as características do servo, do escolhido. O espírito de Deus está sobre ele. Ele será pacífico, educado, não gritará, não levantará sua voz; será paciente, pois não quebrará a cana rachada, não desfalecerá enquanto não ver consolidada a justiça na terra.

Esta é a Sua vocação, tal como a nossa: é chamado para a justiça, para ser conciliador e luz dos povos, fazer as pessoas enxergarem e serem livres.

O Evangelho, Marcos 1, 7-11, nos introduz na cena do Batismo de Jesus. Lá aparecem João Batista, o Precursor do Messias e Jesus, o Vocacionado, o Messias. A fala do Batista, a ação de Jesus, presença do Espírito e a Voz vinda do Céu, conferem a ele, Jesus, as características e a missão do vocacionado. Podemos chamar essa cena do Batismo como a da investidura de Jesus como o salvador, o redentor. Deveria nos impressionar bastante, a fala do Pai: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer”. É Jesus, o todo-poderoso, porque o Amor do Pai está colocado nele. Quem me ama, faz a minha vontade, a vontade de meu Pai, e nós viremos a ele, como está em Jo 14.

Jesus, o vocacionado, o escolhido, “foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder”. Em seguida Lucas nos diz que ele andou por vários lugares “fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio, porque Deus estava com ele”. Sabemos, através dos livros do Novo Testamento, como Jesus viveu e realizou sua vocação, o plano do Pai a seu respeito como Messias, como Redentor da Humanidade. E nós? Feitos filhos de Deus por causa da Redenção do Cristo, como vivemos essa vocação, nossa investidura batismal? Somos luz, somos pastores, temos consciência de nossa responsabilidade? Como está nosso trabalho pela instauração do Reino de Deus, Reino de Amor, Justiça e Paz?  Enfrentamos a luta com denodo? Sabemos que Jesus está ao nosso lado e o Espírito Santo nos inspirando? Temos consciência de que o Pai vela por nós e Maria nos acompanha com suas orações e bênçãos maternais? Vivemos nossa vocação? Exercemos o projeto que Deus, com todo carinho, idealizou para nós?

(adaptado de Vaticannews).

O Deus cuidador manda-nos cuidar

No dia 1 de janeiro de cada ano, celebra-se o Dia Mundial da Paz. Este dia ganha significado redobrado pelo momento pandémico que vivemos, um tempo de “superar ódio”, um tempo de nos “sentirmos todos mais irmãos”, um tempo “de construir e não de destruir”, um tempo de cuidar dos “outros e da criação”. Fica aqui em registo, as palavras do nosso Bispo do Porto, D. Manuel Linda.

““O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz”.

Era esta a fórmula de bênção que o sacerdote de serviço pronunciava sobre o povo, após o sacrifício da manhã, no templo de Jerusalém. Agora, colocada como a primeira entre as leituras desta Missa, na manhã do novo ano civil, remete a nossa mente para a beleza da novidade que se inaugura no mundo, fruto da colaboração da Virgem Santa Maria com a vontade salvífica divina, e faz-nos contemplar as maravilhas de Deus, a exemplo das que os pastores viram com seus próprios olhos. Sim, no mistério do nosso Deus não se regressa ao passado, ao acabrunhante, ao velho e fora de tempo. N’Ele e com Ele somos chamados a celebrar continuamente os prodígios do seu amor, o encanto da sua presença amorosa junto de nós e a sua vontade salvífica.

Este é o plano de Deus, de que fala S. Paulo na segunda leitura, plano pelo qual a humanidade ansiava e se cumpre agora, no presépio. Passa por uma ação impagável de Deus que o Apóstolo define em termos de “resgate”, ou seja, retirar-nos do domínio do mal, dar-nos o seu Espírito, criar uma tal familiaridade que nos permita a ousadia de O chamar “paizinho” e recebermos a honra da filiação adotiva. O resgate que Deus realiza em Jesus Menino é a certeza de que a nossa vida pessoal e coletiva e mesmo a história do mundo, embora na liberdade de opção, não mais estão condenadas a desenrolar-se sob o signo do mal e da morte, mas do lado de Deus e da vida.

Ora, todo o resgate supõe duas atitudes básicas: um amor que o motiva e um custo a pagar. Neste caso, como é fácil de ver, o amor é o próprio ser de Deus: “Deus é amor” (1 Jo 4, 8). O custo é o cuidado que Deus tem por nós e pela humanidade inteira, criaturas muito, muito valiosas a seus olhos.

O cuidado. Como sabemos, hoje é também o Dia Mundial da Paz. Para esta efeméride, o Papa Francisco escreveu uma notável mensagem baseada neste tema e a que colocou o significativo título: “A cultura do cuidado como percurso de paz”. Não pretendo resumi-la, mas colher dela a grande vertente orientadora.

O cuidado para com alguém é sempre um ato de amor que exige empenho. Pensemos no exemplo máximo dos pais para com o seu bebé como, certamente, foi o caso de Maria e José na relação com Jesus. Quantas e quantas noites sem dormir; quanta preocupação e cuidado; quantos trabalhos de higiene que têm de ser feitos por mais que custe; quanto pão é preciso ganhar para que a nova boca o possa comer! Mas tudo isso se faz com uma alegria indescritível de tal forma que, criar um filho é, sem dúvida, o mais estimulante que pode acontecer. O cuidado pode custar, mas gera alegria!

Se é assim no núcleo familiar, a cultura do cuidado também se pode e deve alargar a todos os setores da sociedade. Porque Deus é Pai comum de todos, é possível, de facto, ampliar as fronteiras da família até ao círculo dos vizinhos e conhecidos; é possível encarar de frente o outro e ver nele um irmão, seja qual for a cor da pele, a raça, a religião ou a condição social; é possível olhar para os pobres, estejam perto ou longe de nós, e fazer nossas as suas angústias e misérias; é possível cultivar e guardar o jardim deste mundo que Deus criou e cujo cuidado nos confiou; é possível olhar para o Alto e ver aí o “grande seio” acolhedor e libertador.

A pandemia que nos massacrou em 2020 exigiu uma específica cultura do cuidado. E ela verificou-se, em parte! Evidentemente, os problemas do nosso mundo não ficaram resolvidos e o sofrimento ainda não passou. Mas as atitudes adotadas pela maioria fazem-nos antever um futuro mais humano e mais solidário. Mais de cuidado mútuo e menos de desinteresse ou individualismo. De facto, como tem sido belo ver o empenho de tantos a nível do socorro e do tratamento sanitário, nas ações de voluntariado dirigidas aos mais atingidos pela crise, na revalorização da família, na investigação científica para o bem de todos, na procura de solução conducentes a novas políticas sociais em favor dos doentes e idosos, no tatear modelos de uma economia mais solidária, em formas de relacionamento internacional que auguram a substituição da velha «guerra fria» por uma cooperação em que todos lucram, na sensibilidade para com a causa da natureza e preocupação ecológica, etc.

Diz o nosso povo que “há males que vêm por bem”. Se a pandemia gerar uma nova cultura do cuidado, como se espera, então compensam-se e valeram a pena as dores que nos causou. E para nós que acreditamos no tal “resgate” que Deus operou ao retirar-nos do mal para o reino da sua família, encaramos o futuro com esperança, alegria e entusiasmo. Os acontecimentos do ano 2020 “ensinam-nos a importância de cuidarmos uns dos outros e da criação a fim de se construir uma sociedade alicerçada em relações de fraternidade”. E ela há de acontecer. Creio que aprendemos a lição.

É o que pedimos a Deus por intermédio de Santa Maria, sob cuja proteção começamos este novo ano. Por intermédio dela, o Senhor nos abençoe e nos proteja. O Senhor faça brilhar sobre nós a sua face e nos seja favorável. O Senhor volte para nós os seus olhos e nos conceda a paz.

Bom ano!”

Santa Maria Mãe de Deus

UNIDADE . Construir a Paz com todos (FT 230-231; 278;284)
A unidade é superior ao conflito. Há um «artesanato» da paz, que nos envolve a todos, unindo e não dividindo, extinguindo o ódio em vez de o conservar, abrindo caminhos de diálogo em vez de erguer novos muros. Realizar um gesto de reconciliação, em família, com um vizinho. Enviar, “postar”, publicar e divulgar nas redes sociais algum pensamento da Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2021.