Novembro 2020

Construtores da cidade feliz

D. Manuel Linda, bispo do Porto, lançou o livro ‘Construtores da cidade feliz’, reunindo diversos textos como “incentivo de um pensamento ético-social”.

“Ordenei-os não em perspetiva cronológica, mas à base de três âmbitos muito caros à teologia moral social: a pessoa e a sociedade, a pobreza e o conceito-chave de solidariedade e, finalmente, a educação e a democracia”, explica D. Manuel Linda, na nota prévia da obra, divulgada pelo semanário diocesano ‘Voz Portucalense’.

O bispo do Porto refere que está subjacente a todos os texto “a noção de desenvolvimento integral, isto é, a persecução de uma melhoria em todos os âmbitos do humano e, a nível global, da inteira humanidade”.

“Contribua esta publicação para o incentivo de um pensamento ético-social, mormente por parte dos cristãos, chamados a serem ‘a alma do mundo’, para usar a expressão dessa joia da literatura cristã primitiva que dá pelo nome de ‘Carta a Diogneto’. Hoje, porventura, ainda mais que em outros tempos, é o que a história reclama de nós”, escreve D. Manuel Linda.

O semanário da Diocese do Porto destaca que o seu bispo lança uma reflexão sobre a sociedade abordando “grandes temas como a Doutrina Social da Igreja, os Direitos Humanos, a Educação, a Democracia, a Pobreza e a Solidariedade”, a partir da sua observação da realidade, “apresentando, à luz do Evangelho, uma leitura atenta dos acontecimentos e dos temas da atualidade”.

Publicado pela Editorial Cáritas, o livro ‘Construtores da cidade feliz’ contou com o apoio da Cáritas Diocesana do Porto e o texto de apresentação é da autoria do padre José Manuel Pereira de Almeida.

“O título escolhido por D. Manuel Linda para esta sua coletânea de textos, escritos em épocas e circunstâncias diversas, evoca a preocupação de uma Igreja que se autocompreende ‘para a vida do mundo’, como o Concílio Vaticano II no-la apresenta e a reflexão pós-conciliar mais inovadora o exprime”, escreve o vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa e secretário da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.

A obra é lançada no contexto do IV Dia Mundial dos Pobres, que a Igreja Católica vai celebrar este domingo, com o tema ‘Estende a tua mão ao pobre’, escolhido pelo Papa Francisco.

CB/OC [retirado de Ecclesia]

Todos irmãos, todos de casa.

“Todos irmãos, todos de casa”. Este é o mote para a caminhada do Advento que se aproxima, proposto pela Diocese do Porto. A temática inspira-se Plano Diocesano de Pastoral “Todos família, todos irmãos” e na recente encíclica do Papa Francisco “Fratelli tutti” (Todos irmãos).

Segundo os coordenadores, o “programa “Todos de casa” pretende valorizar a família como Igreja Doméstica, sem domesticar ou confinar a vida da Igreja e a celebração do Natal ao espaço restrito da família”. Todavia, as incertezas da evolução epidemiológica e as possíveis restrições à mobilidade e aos contactos físicos entre pessoas, nos meses de inverno, desaconselham-nos programações rígidas e iniciativas comunitárias, que impliquem movimentações de grandes grupos ou aglomerados de pessoas não coabitantes.

Por isso, é proposto que as famílias se reúnam e, à volta do presépio rezem. É sugerido que se coloque, no exterior das casas, nas portas, nas janelas ou nas varandas, seja uma “Estrela, a apontar o lugar onde Jesus nasce (cf. Mt 2,9) e cresce, como Irmão “de casa”, como o Irmão maior, que nos faz irmãos”.

Para ver mais sobre os materiais clique aqui. Boa caminhada de advento em direção ao batismo de Jesus.

SSR

Semana dos Seminários – 2020

Começa hoje a Semana dos Seminários. Um apelo a que todos rezemos por aqueles que foram e são chamados a “serem pastores do seu povo e por todos os jovens e adultos que souberam escutar e responder com generosidade, fazendo parte das comunidades dos vários seminários do país”.

Deixamos as palavras do presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios:
“A Semana dos Seminários de 2020 tem como fonte de inspiração a palavra do Evangelho: «Jesus chamou os que queria e foram ter com Ele» (Mc. 3,13). Ela apresenta de modo sintético os elementos estruturantes da vocação: o chamamento do Senhor e a resposta dos discípulos, confirmada pela decisão de ir ter com Ele. A esta luz evangélica se entende melhor a natureza e a missão dos seminários como comunidades que congregam aqueles que o Senhor chamou à vocação sacerdotal e se dispuseram a ir ter com o Mestre para aprender com Ele e configurar a vida com a Sua, preparando-se assim para serem discípulos missionários. Neste sentido se pronunciou a XV Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos de 2018, reafirmando que «os seminários e casas de formação são lugares de grande importância onde os jovens, chamados ao sacerdócio e à vida consagrada, aprofundam a sua escolha vocacional e a amadurecem no seguimento» (Documento Final, nº20).

A citada frase do Evangelho aparece num contexto em que as palavras e gestos de Jesus de Nazaré enchiam de espanto as multidões e a sua pessoa suscitava grande fascínio naqueles que O acompanhavam por toda a Galileia. Volvidos vinte séculos, o referido Sínodo assinalou que «muitos jovens são fascinados pela figura de Jesus. A sua vida parece-lhes boa e bela, porque pobre e simples, feita de amizades sinceras e profundas, gasta generosamente com os irmãos, nunca fechada para ninguém, mas sempre disponível ao dom. A vida de Jesus permanece também hoje profundamente atraente e inspiradora; é para todos os jovens uma provocação que interpela» (Documento Final, nº 82).

O  chamamento que o Senhor fez então, continua a fazê-lo nos nossos dias. Trata-se de uma escolha livre, uma eleição surpreendente, puro dom da graça divina e não resultado dos méritos ou propósitos humanos. A vocação sacerdotal é, de facto, da ordem do mistério, do mistério da liberdade divina que se entrelaça com a liberdade do homem. Àqueles que primeiro foram chamados, Jesus reafirmará mais tarde: «Não fostes vós que me escolhestes, fui Eu que vos escolhi a vós» (Jo.15,16), conferindo-lhes até a dignidade de amigos. O que Ele tem a oferecer aos seus escolhidos é uma história de amizade profunda, uma história de vida plena.

A resposta ao chamamento de Jesus suscitou nos primeiros discípulos a decisão de ir ter com Ele. Aproximar-se do Senhor, reunir-se com todos os que querem caminhar com Ele, é o desígnio de quem se dispõe a ser discípulo e sacerdote em nome de Cristo. A opção pela vida sacerdotal com o pedido de ingresso ao seminário, exige hoje, porventura mais do que noutras épocas, uma fé corajosa. Numa cultura que promove o provisório e induz ao experimentalismo, uma opção de tal radicalidade supõe uma fé capaz de arriscar, uma fé consciente de que é preciso deixar algumas pedras preciosas porque se encontrou o verdadeiro tesouro.

Desejo que esta Semana dos Seminários sirva para despertar em todos nós três atitudes: gratidão, compromisso esperança.

Damos graças a Deus porque continua a chamar alguns para serem pastores do seu povo e por todos os jovens e adultos que souberam escutar e responder com generosidade, fazendo parte das comunidades dos vários seminários do país. Gratidão é devida também às equipas formadoras dos seminários e a todos os professores e colaboradores que se empenham na exigente tarefa de formar pastores.  Sem esquecer o justo reconhecimento aos seminários pelo seu incomparável papel histórico, desde os tempos de S.Bartolomeu dos Mártires, na renovação da Igreja e na formação humana e cristã de tantas gerações de jovens de todo o país, incluindo os que não foram ordenados.

O compromisso de todos para com o seminário é indispensável para que ele cumpra a sua missão. Essa responsabilidade é pedida, antes de mais, ao clero chamado a assumir o seu papel no processo formativo e a manifestar solicitude, comunhão e proximidade para com o seminário. Também às famílias e comunidades cristãs se pede que tenham consciência da importância do seu apoio e acompanhamento aos seminaristas. E os cristãos não esqueçam que o seu compromisso para com os seminários se pode manifestar de tantas formas: na oração, na ajuda material e outros expressões de interesse e preocupação.

Esperança é o sentimento que pode crescer em nós com a celebração desta semana. Ela funda-se na convicção de que Deus não abandona o seu povo mas, pela ação do Espírito, renova sempre a vida da Igreja e lhe abre caminhos novos. Depositamos também muita esperança nos seminaristas que estão a fazer o seu percurso formativo para serem, na altura própria, os pastores que a Igreja precisa, segundo o modelo de Cristo, Bom Pastor. E esperamos que os jovens e adultos a quem o Senhor continua a chamar não tenham medo e saibam responder com generosidade e alegria.

+António Augusto de Oliveira Azevedo
Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios